quarta-feira, 25 de março de 2009

Desejos



Eu nunca senti o olhar daquele que me ama.
Nunca senti o toque de sua pele, de seus dedos em meus lábios, de sua boca nos meus.

Eu nunca pude apreciar os seus olhos nos meus, os seus músculos, o seu corpo no meu corpo,
o seu suor no meu suor...
Eu nunca tive o prazer de ter me em seus braços, a sua mão no meu cabelo,
a sua respiração no meu pescoço...
Eu nunca entrelacei os meus dedos nos dele, como dois namoradinhos na beira da praia, sem vergonha do seu sorriso.

Nunca fiquei sentada com ele apenas conversando como velhos amigos.

Nunca pude ouvir sua risada, nunca ví suas lágrimas, nunca pude lhe abraçar.

Nunca conversei com ele sobre a vida, o tempo e o espaço.

Nunca contamos piadas, estórias ou mentiras.
Nunca discutímos sobre nós.
Nunca tocamos em assuntos íntimos ou de nossa própria emoção e sentimentos.

Sempre quis partilhar de todos esses possíveis e inesperados momentos, mas ainda não tive a oportunidade.

Eu penso que um dia, nós olharemos para as estrelas e nos encontraremos de alguma forma...
Iremos nos tocar, nos sentir, nos ver e nos amar.

I'm not real, I'm just a piece of meat .

Um corte no dedo faria sangue jorrar e mostrar de que matéria somos feitos.
A dor instantanea irá sarar.
Mas a dor comparada ao coração não cessará.
Minha alma já grita, sente dor e pede ajuda, sendo assim eu não preciso de um novo corte para demonstrar que estou viva.

Eu como mulher, não me vejo e não me sinto no corpo de uma. Meu espírito rejeita o meu corpo.
Os meus sintomas de desesperança se intensificam a cada momento.
O meu vômito é uma tentativa de suborno para que minha alma volte a ser o que era antes, o que foi antes.

Eu me sinto hoje como eu já fui algum dia em outra vida, é uma sensação de liberdade, uma vontade de fugir daqui e de ir para um lugar desconhecido...
Agora eu me mostro como se fosse um zumbi andando pelas ruas sem expressão e sem convicção.
Penso que a sensação da droga ou do álcool devem ser semelhantes; o indivíduo se torna um zumbi e vive assim para o resto da vida sem mesmo saber que já "morreu"... Seu invólucro jogado as traças...

Talvez fosse melhor a idéia de fechar os olhos para o mundo e esquecer os problemas.
Se tornar um louco e ser somente mais um a sobreviver.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Ele não merece nem 1% da minha atenção...


Entao depois de uma breve discussão que nao durou nem 5 minutos, estou eu aqui com a raiva já pela culatra, e uma vontade danada de despejar tudo o que me vem à cabeça.

Quando a gente faz amizade, num primeiro momento a gente só espera que o outro seja compatível com a gente,
seja pelas atitudes ou pelo estilo de vida.
Num segundo momento a gente espera que as pessoas sejam sinceras conosco
e que dialoguem contando suas verdades, mentiras e compartilhem seu coração.
Num terceiro momento a gente tenta ajudar,
dar um conselho
ou até mesmo um incentivo. Num quarto momento a gente espera que as pessoas dividam a lágrima da vitória ou até mesmo da derrota.
Num quinto momento e assim por diante a gente espera um abraço, um simples e mero abraço. E não precisa dizer nada mais. Nós conversamos , trocamos idéias, perguntamos como vai o dia-a-dia, e por fim terminamos dando um tchau, mas com a esperança de ser somente um dia após o outro e nos veremos alguns dias, meses ou anos depois. Mas se tratando do último acontecimento, sem brincadeira, acho que não nos veremos mais, a nao ser que se por acaso, por "acaso" nos esbarrarmos na rua.

À proposito de como eu falei com ele, as nossas vidas não dependem uma da outra. E se ele nao quiser mais falar comigo, Tchau e benção.
Mas não esperava que fosse 2 minutos depois e tudo estaria acabado. Como sempre ele faz, como sempre ele deleta, e depois acaba com tudo.

O que mais me irrita nessa estória, é que além dele ter um fator "promiscuidade" , ele também tem o poder de só ouvir as pessoas erradas. Eu me considero certinha se for comparar com ele e com todos os erros dele, que me parecem 3x piores do que os meus. Mas nao vou falar sobre erros. A questão é, tento alertar sobre os perigos da Aids, sobre os perigos de sair antes mesmo de conhecer mais à fundo a outra pessoa. E como sempre ele nunca me escutou. E começa a namorar, termina, começa a namorar outro em menos de duas semanas. E eu nao to falando de começar a namorar de só dar beijos e abraços, eu to falando de já começar a transar no primeiro dia!. E isso me abala profundamente , comparando a mim que sou chamada de careta. Aquela em que não faz nada de errado, não faz nada perigoso, não usa drogas, não bebe cerveja, não fuma cigarro, só uma cachaça 1x por mês. Então eu sou a queridinha da mamãe, a ovelha que as vezes tenta se desgarrar da mãe, mas nao faz nada de errado pra que ela própria seja expulsa.

O que me deixa ainda mais confusa é pelo fato dele mesmo não saber quem é desde criança. Tudo bem que a gente nasce se perguntando quem sou eu e qual é o meu destino.
Mas não dá para comparar com uma pessoa que assiste filmes e imita outros personagem para achar a sua própria personalidade, seu modo de falar e seu modo de agir. Ele sempre procura os amigos de "verdade" quando está se sentindo sozinho ou quando termina um relacionamento. E sempre vem com a mesma ladainha dizendo que nao tem amigos de verdade. Que nao tem com quem conversar... O mais bizarro é q ele sempre diz q nao tem amigos de verdade.. mas ele mesmo nao é de verdade! .

Simplesmente quando a gente diz a verdade, a verdade dói, e a verdade faz a máscara cair. Ele ignora e deixa de falar com os amigos que o alertam.


Ele é um cara que conhece uma pessoa e diz que ama na primeira semana, como se fosse amigo de anos!.
O amor não é uma coisa que se constrói em um dia, é uma coisa que demora meses e as vezes anos para se concretizar. Daí dizer que ama e nas costas dizer que odeia e que nao suporta a pessoa... Tripudia dos verdadeiros sentimentos do outro.

E a razão disso tudo é que ele mesmo não consegue descobrir quem ele é, quem é seu verdadeiro eu. Indeciso na vida sobre um tudo.
Bom, termino por aqui despejando minha amargura e a minha triste.
Que como diz: Agua mole em pedra dura tanto bate até que fura.

Quer dizer que um dia tudo o que está acontecendo pode ser que volte em mais cargas d'água.
E eu não quero ver em que fim vai dar.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Delicious


A minha alma se alimenta de sorvete e sabe por que?
...
Porque ele é gelado, divino e traz alegria à todos!
- E mesmo de casquinha, com cobertura de chocolate,
com biscoitinho ou com cereja, faz todo mundo
se lambuzar, o adulto que vira criança e a criança que morre de rir.
...
Hmmmmmmmmm.. que delícia!

quinta-feira, 5 de março de 2009

Meus sentimentos por um mero passado recente... Parte I


Agora posso ver claramente por tudo o que passei e pelo isolamento que criei, durante minha estadia nos Estados Unidos, que duraram apenas 35 dias, pude ver como fui imatura e mimada.
As vezes claramente pude culpar minha mãe
pelo modo como me criou, como se ela tivesse tal culpa, como se eu não tivesse minha própria personalidade e pudesse me fazer sozinha.
Percebi como me abandonei,
como permaneci tão só, e não fiz nada para que pudesse melhorar.
Aliás até fiz algo que pudesse me fazer uma funcionária um pouco melhor naquele período,
me empenhei em dar o meu melhor, e no entanto cortaram minhas asas e chances no momento em que justamente tive a oportunidade de melhoria e correção dos meus erros.
Mas ainda assim com tudo isso, tive problemas com algumas meninas da casa,
não que elas tenham brigado comigo e tenhamos entrado em algum conflito aberto, mas eu mesma que entrei em conflito comigo mesma por não termos as mesmas atitudes e consideravelmente os mesmos gostos. Sendo que, numa casa em que existem 12 pessoas convivendo e não achar um único grupo em que eu me habituasse a conversar e a dialogar sobre assuntos de interesses semelhantes, não tinha como eu nao me sentir inferiorizada de certa forma. Ou mesmo superior, talvez.
Senti que elas não tinham exatamente nada haver comigo!. Nem o gosto musical, nem o tipo de homem, nem os programas de televisão, nem o estilo de vida, nada!. E a única pessoa que eu me dei relativamente bem mesmo foi a única menina que não era de nosso país, uma colombiana, ela sim me dava alegria quando conversávamos. Tinhamos um papo curto as vezes, até pela dificuldade do idioma, já que ela não falava português, e não gostava de falar em espanhol conosco já que não a entenderíamos também. Então conversávamos em inglês mesmo, e eu ia um pouco mais devagar até entrar no trilho... e ela com paciência me ouvia, corrigia .. E eu morria de rir com sua risada e com seu amigo que também era e é um cara extremamente figurão!. Colombianos loucos!. E eu os acompanhava quando iam na casa dos americanos, as vezes nem entendia o que eles conversavam, as vezes entrava por osmose, mas nos divertíamos jogando video-game, comendo umas cenouras e couve-flor com um creme lá bomzão, era bem legal..

terça-feira, 3 de março de 2009

Na teoria a gente tem noção de quando temos certeza de alguma coisa..


Na teoria a gente tem noção de quando temos certeza de alguma coisa..

Certeza, sim, de que algo vai realmente acontecer, e vai de fato mexer com a gente.

Hoje saí de casa lembrando de quanto tempo eu estava sem andar de bike, olhando a paisagem e sem ver o cristo redentor. No meio do caminho, estava só pensando numa música e talvez numa possível foto que eu poderia ter tirado. Já chegando ao meu destino, vi que cheguei simplesmente muito cedo, cedo até demais. Então resolvi dar uma enrolada.. lembrando de um dos dias anteriores que eu estava na beira d'água na praia, e me veio uma mensagem na cabeça, da qual eu nao lembro bem, mas era algo que envolvia saudade, e algo com a natureza e a preservação. Uma certa nostalgia já que quase sempre vou na praia e fico lembrando da quantidade de poluição que é jogada por dia na água... E até lembrei, da foto que eu tirei dois dias atrás que por sinal apareceu na beira uma garrafa d'água justo na hora que bati a foto. Mas aí, finalmente, bateu meu sinal e eu voltei pra minha consciencia.

Um pouco de tempo jogado fora na primeira aula já que tudo que dizem durante a aula, poucas palavras me chamaram atenção. Ao contrário de quando tinha ou tenho bons professores que conseguem fazer isso fácil e com bastante eficássia.

No intervalo ainda não tinha achado a tal certeza, mas ela ainda estava bem guardada dentro de mim, e ela ia aparecer no momento certo. Assim como eles, não sei quem dizem, que quando você menos espera acontece. Pois então, foi exatamente isso que ocorreu.

Eu estava voltando de bike pra casa naquele calor dos infernos, e ainda sentindo o friozinho do ar-condicionado de poucos minutos atrás. Aí me veio a lembrança da minha certeza, sabia que a encontraria ainda hoje, nem que fosse por uma fração de segundos. E mais uma vez eu estava certa.

Eu pensava sobre o encontro repentino, até que me dei conta de que eu estava pensando demasiado. E resolvi mudar de assunto. Pensar em algo diferente que pudesse me fazer viajar pra longe daquela razão.

Então pensei em uma pessoa que conheci recentemente, de como as coisas são, e por onde elas vão. Já que nada acontece por acaso, e tudo na vida tem um porquê. Aí tava tentando compreender um bocado desse curioso encontro.

Quando de repente, dei por mim da tal certeza se aproximando. E vinha lá de longe, até que parou.

Nossa!, dei um pulo por dentro, espero que não tenha sido notado tal nervosismo, afinal isso não acontece comigo há um bom tempo... A tal certeza que havia me rodeado por longas horas, apareceu assim como ela se foi. Mas mesmo assim tive a impressão de que "ganhei" o meu dia. Muito bom ter tido a certeza de que ia acontecer, de que ia encontrá-la e finalmente encontrei.

Aí durante o nervoso, eu falei besteira. Não foi uma coisa assim que vá mudar a minha vida ou a de alguém, mas não era algo necessário de ser dito... E aí, não tem mais como corrigir se já foi dito... Taí um bicho que eu não entendo, o porquê da gente falar besteira sempre na hora errada, como se não pudesse dizer esse tipo de coisa só com amigos normais, ainda ter que dizer isso com quem não deveria... Espero que não tenha prestado atenção.. espero...

Poucas palavras trocadas, somente o básico pois havia um pequeno atraso impedindo um diálogo.

Mas só o olhar já me confirmou tudo o que eu pensava haver esquecido. A mão fria, o corpo e o perfume já me nocautearam em segundos. Ainda assim me mantive firme, afinal, desta ponta não tenho certeza se a outra ponta é favorável ao meu sentido.

Voltei bem melhor do que eu tinha ido, assim como dizem que talvez a leveza do ser está no encontro de duas almas. Não sei se me referi como deveria. Mas de uma coisa eu tenho certeza, que a certeza que eu tenho agora está muito mais certa e coerente da outra que eu tinha há um tempão atrás.

Mas não termino isso dizendo que a certeza se trata ou não de amor de que tanto falam, mas é algo que ainda não tenho como traduzir. Se existe uma certeza confusa, essa certeza é a minha no momento. Se é que eu posso dizer que existe de fato alguma confusão além da certeza.


"...I Just want to know who I am..."


Hoje sinto que não sou eu dentro de mim. Me imagino de um jeito e no espelho sou outra.

Sinto que me parti em centenas de cacos, e o caco mais importante está perdido pelo chão.

O meu coração parou por uma fração de segundo, esse eu posso sentir mas não o vejo.

Meus olhos que me guiam, hoje estão perplexos demais para enxergar algo ao meu redor.

Queria juntar todos os meus cacos como num quebra-cabeça, queria juntar e acrescentar asas na minha imagem.

Com asas alcançaria a perfeição, voaria para um mundo distante aonde eu veria coisas ao meu redor, sentiria paz mas não sentiria dor, tristeza e nem frio.

Livre como um anjo ou como um pássaro, sentir a adrenalina correr em minhas veias, chegar ao chão e não morrer. Ser eterna, mas não continuar invisível, aparecer, ver, cuidar, me manter ao sol frente ao mar. Sentir a brisa, conversar com gaivotas e apenas relaxar..

De verdade quero apenas entender o que eu sou e para que vim.

Não basta ter asas, preciso ir ao além e me encontrar, achar o meu rumo, encontrar respostas, sentir meu coração mais intenso, escutar seus desejos e adivinhar suas charadas.

Vejo meu reflexo e sinto que está faltando algo, não cor mais um riso. Algum real sentimento que me faça corar, e me deixe com um ar mais solto e descontraído.

Não tenho asas, mas aqui sinto como se eu fosse um pássaro engaiolado, tal como se minhas asas

fossem atrofiar com o tempo e minha mente enferrujar, não lembrar mais de amigos e nem passado. Nessa gaiola faltam todos os sentimentos singelos que um dia eu vivi.

Eu ainda espero alguém que me veja, me liberte, monte meus pedaços, me faça ver o sol, e eu mesma consiga ver um montão de coisas e lugares que eu ainda posso conhecer, me dar conta que nada atrofiou ou enferrujou.

Avon, 03/01/09.