Sinto que me parti em centenas de cacos, e o caco mais importante está perdido pelo chão.
O meu coração parou por uma fração de segundo, esse eu posso sentir mas não o vejo.
Meus olhos que me guiam, hoje estão perplexos demais para enxergar algo ao meu redor.
Queria juntar todos os meus cacos como num quebra-cabeça, queria juntar e acrescentar asas na minha imagem.
Com asas alcançaria a perfeição, voaria para um mundo distante aonde eu veria coisas ao meu redor, sentiria paz mas não sentiria dor, tristeza e nem frio.
Livre como um anjo ou como um pássaro, sentir a adrenalina correr em minhas veias, chegar ao chão e não morrer. Ser eterna, mas não continuar invisível, aparecer, ver, cuidar, me manter ao sol frente ao mar. Sentir a brisa, conversar com gaivotas e apenas relaxar..
De verdade quero apenas entender o que eu sou e para que vim.
Não basta ter asas, preciso ir ao além e me encontrar, achar o meu rumo, encontrar respostas, sentir meu coração mais intenso, escutar seus desejos e adivinhar suas charadas.
Vejo meu reflexo e sinto que está faltando algo, não cor mais um riso. Algum real sentimento que me faça corar, e me deixe com um ar mais solto e descontraído.
Não tenho asas, mas aqui sinto como se eu fosse um pássaro engaiolado, tal como se minhas asas
fossem atrofiar com o tempo e minha mente enferrujar, não lembrar mais de amigos e nem passado. Nessa gaiola faltam todos os sentimentos singelos que um dia eu vivi.
Eu ainda espero alguém que me veja, me liberte, monte meus pedaços, me faça ver o sol, e eu mesma consiga ver um montão de coisas e lugares que eu ainda posso conhecer, me dar conta que nada atrofiou ou enferrujou.
Avon, 03/01/09.